Este Blog tem uma origem curiosa... Fui ver uma exposição do Rui Gonçalves aquando da sua passagem em trabalho pelo Japão; havia fotografias muito curiosas do país do sol nascente. O Rui é um mestre da composição, mais precisamente, um analista visual - a exposição tinha duas componentes: os momentos captados por ele e o prazer de o ver ali a falar do que registou e da sua presença lá. Então, no momento em que ele falava e passava uns slides no projector da livraria "Navio de Espelhos", em Aveiro, ocorreu-me uma ideia: "Porque não registar os achamentos do mundo que eu estou a ter oportunidade de ver?".
Não é à toa que uso a palavra achamento; essa foi a palavra usada por Pero Vaz de Caminha na carta que escreveu ao rei D. Manuel para relatar a chegada da armada de Pedro Alvares de Cabral ao Brasil; não é também uma coincidência o sub-título do blog, palavras de Pessoa que tanto prezo; a questão da identidade, neste caso a língua Portuguesa que nos coloca como Portugueses para além deste território da Europa e nos convida ao Brasil, África e mesmo Ásia.
E é disso que se trata; ainda outro dia ao falar sobre estas coisas com o Filipe Fonseca ele me dizia "Não podemos viver a dizer que nós, Portugueses, fomos os maiores" - acho que não é disso que se trata, mas sim de olhar Portugal e a história Portuguesa como um propulsor do futuro e não como acho que actualmente se encara como "algo de grandioso que desabou sobre nós". E aqui haveria muito a dizer, podiamos falar por exemplo das manifestações messiânicas que por vezes por aqui surgem lembrando D. Sebastião, do espirito "desenrasca" que abomino e representa o português preguiçoso, etc. O Portugal de que vale a pena falar é o de Vieira, Pessoa, Camões, Pedro Nunes, só para citar uns poucos. É certo que a classe dirigente actual é uma espécie de "jet-trash" quer na política, quer na empresa - contudo, e felizmente, há excepções e há quem viva na diferença.
A ideia do "Português à Solta" veio de Agostinho da Silva, pensador Português que decidiu ir por esse mundo fora (à semelhança de vários Portugueses) e que em concreto foi "repousar" no Brasil onde ajudou a fundar Universidades e Institutos e que tinha a visão do Português como aquele que está destinado a encontrar a "Ilha dos amores" de que Camões fala. Essa dimensão que defende é-o para a actualidade. Olhemos para um Alemão (ou mesmo um Francês, semeador da obsessão anti-Americana), que quer ele? Ele é um seguidor de Aristoteles, um homem de produção, por oposição ao Português que encara a vida de uma forma poetico-prática.
Sendo assim, o que me proponho é o relato dos sítios por onde passo nessas duas dimensões, a do útil e a do agradável. Não deixo de citar essa bidimensionalidade expressa na carta de Vaz de Caminha:
"Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos.
Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!"
Aqui é necessário enfatizar que é necessário contextuar - o facto de se falar na cristianização apresenta o Português como defensor de um ideal. Aliás, Vaz de Caminha "aconselha" a humanidade ao invés do ouro e da prata, e apresenta a terra como sendo um lugar de fertilidade, quer humana quer agro. Opinião contrária é fácil de encontrar no Português invejoso e mesquinho (que terá algumas parecenças com o nacional-pacovismo potenciado pelo Dr. Oliveira Salazar).
É por isto fértil a memória e vivência Portuguesas, faltando por exemplo falar de Fernão de Magalhães que foi o primeiro humano que fez a circunavegação terrestre...
É por isso que amo o Português e estou apaixonado por um certo Portugal.
Não é à toa que uso a palavra achamento; essa foi a palavra usada por Pero Vaz de Caminha na carta que escreveu ao rei D. Manuel para relatar a chegada da armada de Pedro Alvares de Cabral ao Brasil; não é também uma coincidência o sub-título do blog, palavras de Pessoa que tanto prezo; a questão da identidade, neste caso a língua Portuguesa que nos coloca como Portugueses para além deste território da Europa e nos convida ao Brasil, África e mesmo Ásia.
E é disso que se trata; ainda outro dia ao falar sobre estas coisas com o Filipe Fonseca ele me dizia "Não podemos viver a dizer que nós, Portugueses, fomos os maiores" - acho que não é disso que se trata, mas sim de olhar Portugal e a história Portuguesa como um propulsor do futuro e não como acho que actualmente se encara como "algo de grandioso que desabou sobre nós". E aqui haveria muito a dizer, podiamos falar por exemplo das manifestações messiânicas que por vezes por aqui surgem lembrando D. Sebastião, do espirito "desenrasca" que abomino e representa o português preguiçoso, etc. O Portugal de que vale a pena falar é o de Vieira, Pessoa, Camões, Pedro Nunes, só para citar uns poucos. É certo que a classe dirigente actual é uma espécie de "jet-trash" quer na política, quer na empresa - contudo, e felizmente, há excepções e há quem viva na diferença.
A ideia do "Português à Solta" veio de Agostinho da Silva, pensador Português que decidiu ir por esse mundo fora (à semelhança de vários Portugueses) e que em concreto foi "repousar" no Brasil onde ajudou a fundar Universidades e Institutos e que tinha a visão do Português como aquele que está destinado a encontrar a "Ilha dos amores" de que Camões fala. Essa dimensão que defende é-o para a actualidade. Olhemos para um Alemão (ou mesmo um Francês, semeador da obsessão anti-Americana), que quer ele? Ele é um seguidor de Aristoteles, um homem de produção, por oposição ao Português que encara a vida de uma forma poetico-prática.
Sendo assim, o que me proponho é o relato dos sítios por onde passo nessas duas dimensões, a do útil e a do agradável. Não deixo de citar essa bidimensionalidade expressa na carta de Vaz de Caminha:
"Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos.
Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!"
Aqui é necessário enfatizar que é necessário contextuar - o facto de se falar na cristianização apresenta o Português como defensor de um ideal. Aliás, Vaz de Caminha "aconselha" a humanidade ao invés do ouro e da prata, e apresenta a terra como sendo um lugar de fertilidade, quer humana quer agro. Opinião contrária é fácil de encontrar no Português invejoso e mesquinho (que terá algumas parecenças com o nacional-pacovismo potenciado pelo Dr. Oliveira Salazar).
É por isto fértil a memória e vivência Portuguesas, faltando por exemplo falar de Fernão de Magalhães que foi o primeiro humano que fez a circunavegação terrestre...
É por isso que amo o Português e estou apaixonado por um certo Portugal.