Ontem foi o 25 de Abril, uma data cara para alguns portugueses (a maioria, espero), e como diz a minha amiga arquitecta Mariana, que seja para "sempre"! E por falar em arquitectos, foi exactamente ontem inaugurado no Porto o bairro projectado por Siza Vieira, com as primeiras ideias apontadas antes de Abril de 1974 e cuja arquitectura urbana e habitacional foi, depois do 25 de Abril de 74, desenvolvida no âmbito do plano de habitação de emergência SAAL (Serviço Ambulatório de Apoio Local).
Mas que tem isto a ver com rollerblades e fracturas sociais? Acho que tudo, e o post poderia até ser escrito fazendo referência ao dia de Páscoa, ou melhor, ao dia de desacralização da Páscoa. E porquê? Porque o que se passa hoje é que o feriado perde (ou tende a perder) o significado original. Por exemplo nos feriados que acontecem durante o ano (pelo menos falo de Aveiro), quase não se faz notar alguma atmosfera do acontecimento que lhes deu origem - é como que se esvaziassem únicamente num dia de férias.
E foi isso que aconteceu ontem, Aveiro era uma cidade de férias. Quem viesse "de fora" (fora de Portugal, está claro) poderia interrogar-se porque é que o comércio estava fechado e as praias e parques cheios de pessoas - qual simbologia, qual comemoração. Quem contará a história do fim de uma ditadura aqui, em Portugal? Mas não pretendo alongar-me muito acerca do tema. E assim foi, depois de uma corrida na praia, fui andar de patins em linha à noite para perto do centro de congressos, um sítio bastante agradável. E foi mesmo um acontecimento social (não de grande dimensão, mas muito agradável) - eu, o Fonseca e o Maia patinavamos pela fresca Aveirense, eu e o Fonseca como caloiros e o Maia como "o mestre". Bem, mas quando o discípulo quer fugir à lição às vezes perde alguns ensinamentos. Et voilá! Eis que tento dar um salto e correu mal, caí com o corpo em cima da minha perna esquerda - azar dos azares (e até ouvi!) o meu perónio fracturou ali mesmo... Fim de noite! Agora tenho uma perna engessada e sinto-me um "Português NEM TANTO à Solta". Mas podia ter sido pior, o que incomoda é que vão ser semanas com um apêndice de gesso que não é meu...
Há contudo nisto algo que pode ter a ver com este blog - a questão das viagens. Como vou ficar quietinho, penso que vai dar para viajar muito, bem ao jeito do Almeida Garrett, que em "Viagens na minha terra" consegue grandes passeios sem sair do seu quarto. Bem, espero que ao menos isso, que não nos falte a cabeça, e a todos nós, pois na actualidade a diferença está é mesmo no pensamento...
E fico por aqui, pois ainda não sei como será andar de canadianas e preciso de me habituar, mas nestes dias foi o que aconteceu, falou-se de liberdade (da falta dela), de rupturas, mudanças e esperemos que as fracturas não sejam graves.