segunda-feira, agosto 28, 2006

"Faked in China"

Who? What? Why?

Segundo as mais variadas mas concensuais teorias de análise de marketing/gestão, são sempre estas as perguntas que acabam por se colocar naquilo a que já estamos "enjoados" de chamar de case-study...
Mas que discurso economicista é este?
É mesmo isso, por mais que se fale na China, hoje "caímos" nisto, no discurso economicista.
Mas é necessário repôr o espaço-tempo, trata-se de Pequim (ou Beijing, dependente do meridiano...), e estamos em 2006, altura em que ainda se expõe em Tiananmen Mao Testung (ou ainda por questões meridionais, Mao Zidong).

Quem?
São milhões... milhões com uma auto-estima grande, um acordar milenário, desde a muralha à ínfima folha de chá... a China acorda, desde o operário fabril à mais fina flôr biotecnologica, uma incerteza... Se calhar é isso mesmo, a globalização talvez tenha sido o gatilho da incerteza, da oportunidade, da homogeneidade e ao mesmo tempo da diversidade. Em Pequim são muitos os que falam inglês; encontram-se também muitas estudantes que em desculpa de "querer praticar inglês falando", procuram um jantar grátis e uns "papalvos" para levar às compras em lojas onde tenham a "comissãozita". São também muitos os que se vêem por Tianamen e nao são de lá, os que se vêem nos hoteis e só passam por lá, e os que vagueiam na noite e não parecem de lá. Está toda a gente na China...

O quê?
Pequim pode mesmo ser pouco representativo do que realmente é a China, mas o efeito do pensamento de Confúcio está estampado nas superstores que são montadas "para ocidental comprar" - desde uma memória USB (várias marcas) a um Rolex tudo se pode encontar por lá, e advinhe-se, ao preço da China! (a questão do funcionar é outra aqui)... Quem vai à China deve experimentar (e de certeza que o faz) lá fazer negócio, e estou a falar dos negócios mais simples, do tipo comprar um casaco - o mais difícil é perceber qual é o preço "justo" para qualquer coisa (penso que demora dias a aprender a negociar). Uma vez entendido o "vocabulário", podem conseguir-se descontos de até 90%!
O centro de Pequim está a poucos quilometros de parques tecnologicos onde podemos encontrar empresas como a Microsoft e Google, assim como de algumas secções da Grande Muralha - isto gera um contraste interessante, pois o que outrora se erguia como um grande muro defensivo serve hoje de mirante e passeio a todos nós, e as vistas são muito bonitas, tenho a dizê-lo!
No centro, Pequim move-se, dilui-se, restaura-se, polui-se,..., as gruas desenham a cidade e adivinha-se um crescimento descomunal - a fuga do campo para a cidade (a das pessoas), e a evasão da cidade para o campo (a das máquinas).

Porquê?
É assim que funciona...
A entrada da China na OMC, a estagnação das indústrias nos países inflaccionados, o individamento dos EUA, e outros tantos, configuraram uma profilaxia a favor da China, e assim vai ser nos próximos tempos. A economia Chinesa cresce a dois dígitos - é hoje o sítio do mundo onde se realizam e desenvolvem negócios do tipo bilion-dollar, lá no país de sistema comunista-capitalista. Ou será capitalista-comunista? Parece um paradoxo, mas acho que este paradoxo existe porque ambos podem ter morrido, ou só ainda existem numa viragem de paradigma...
Porque o paradigma é este, é talvez o de o surgir de uma hiper-nação (não a China, mas outra meta-nacional) onde determinadas coisas acontecem em determinada altura porque assim se reuniram essas condições. E se calhar assim não é mau, pode ser que por exemplo África se torne num grande fornecedor de países como a China (e deixe de ser o cliente das ONGs Europeias e Norte Americanas que num marketing de bondade vão impedindo que as suas agriculturas super-protegidas deixem de fazer sentido).

Como escreveu Brian Eno, em "China my China", "Your walls have enclosed you, have kept you at home for thousands of years", tal só poderia resultar numa explosão, e parece que a toda a força e velocidade...