Imagine-se uma praça onde se erguem casas à sua volta. Numa manhã de sol, um par de namorados passeia-se ainda sonolento enquanto alguns saem para ir trabalhar... Isto podia bem ser no cenário fotografado em cima (1927). Note-se a imagem imediatamente abaixo, fruto da segunda grande guerra. Não me passeei muito tempo por Frankfurt, mas o suficiente para perceber que é uma cidade que entende o que é a reconstrução. Por isso escolhi os dois postais a preto e branco, um antes e outro depois dos bombardeamentos sofridos. Mesmo a casa de Goethe, que tive o prazer de visitar (ainda que só com "guias" em alemão), é uma reconstrução - isto poderia levantar-nos a questão da sua autenticidade, uma vez que pretende ser uma cópia do lugar, ainda que no mesmo sítio. Contudo, o que se poderia fazer? Nada? Isso teria sido o pior; à imagem de um humano, essa casa mantém a identidade e reconstrói-se face a um acontecimento trágico. Lembro-me agora do termo "Ground Zero" (usado para descrever o sítio da terra mais próximo de uma explosão) vulgarizado hoje pelos acontecimentos do 9/11. Que fazer no "Ground Zero"? Por exemplo os Japoneses deixaram os restos da camâra de comercio de Hiroshima numa manifestação do tipo "We will never forget"; os Americanos substituem o WTC pela Freedom Tower, talvez uma afirmação de liberdade. E em Frankfurt, reconstruiu-se.
Desta vez, o hotel onde fiquei era no aeroporto de Frankfurt. Ainda que pareça um pouco ironico, esta cidade constitui-se como ponto de encontro através dos céus - sabemos que este aeroporto é dos maiores da Europa e um importante hub. Para terminar, tenho a dizer que gostei de passear na Römer (onde ainda se podem ver vestigios Romanos), sob um ameno sol de tarde e à noite ao sabor de uma Weissbier, ver que a traça de 1927 se mantém.